25.12.09

27.10.09

22. ///////////////////


Rio Cidade maravilhosa
Cheia de encantos mil
Não sejas madrasta e vil
Abjecta e dolorosa
Nos próximos jogos
Deixa os meninos brincar
Esquece os ociosos
Ajuda o povo a escapar
Eles perseguem a quimera
E sentem o orgulho
Nunca mais finda a guerra
Balas, feridas e barulho

Rio de sangue, súor
Lagrimas infinitas
Almas penadas e malditas
Onde todos perecem
A menina da rocinha
Não morrerá sozinha
O bope e o bandido
O aviãozinho e o patrão
Nesses becos perdidos
O mais simples cidadão
Estão todos fudidos
A cidade perdeu a razão

Rio branco de luto
Com fantasmas errantes
O estádio ergue-se puto
Para entreter o visitante
E entre clamor e glória
Conforta os restantes
Defuntos e memória
Dos cariocas elefantes
Arde a chama eterna
Do filosófico grego
E Coubertin pensa para si
Que cenário mais negro

Rio da era moderna
Onde tu vives inquieto
Entre sambas e sambistas
Líderes e estadistas
Não pagues o preço impossível
De soltar o general sanguinário
Disciplinado e invisível
Aos olhos do visionário
O trabalho sujo e cruel
Terá o padrão constante
Do amargo sabor a fel

Rio metrópole manchada
Na alma e na calçada
Podes ser maravilhosa
Que não te quero como morada
Todo o ouro tem um preço
E esse não o mereço
O diabo fica impune
É ele que vos desune
Se o amigo é brasileiro
Então pense primeiro
No escondido anjo matreiro

Rio não te quero ver triste
Porque és boa praça
Não deixes que ninguém
Te encha de fumaça
Cidade de boa gente
Com receio do demente
Ele vive na obscuridade
A maravilhosa terá sorte
Se for na fraternidade
Com um pouco de irmandade
O rio dessa morte
Secára por fim

Rio de esperança
Que corre livre para todos
É preciso uma monção
Para invadir os medos?
Cidade maravilhosa
Uma e outra vez
De uma nação orgulhosa
És a sul-americana rainha
Multicolorida de xadrez
Quero-te bem vida
Quando chegar 2016
Não te quero ver ferida

Rio adulto e feminino
Vais entrar na idade bela
Ondes os sonhos de realizam
Portanto pela cidade por ela
Mete as mãos a obra
E deixa estar a vela
Guardada numa canção
Com um pesado alçapão
Quero-te rio infinito
Alegre e maduro
Onde o mundo estará presente
Para construir o teu futuro

Rio de Vinícios de Morais
Homem com vícios
E enorme moral
Rebola-se lá em cima
E deixou de cantar
"Não estou a aguentar
Afogo a minha mágoa
Fui diplomata e compositor
E na melhor cidade cai a nódoa
Pensava que tinha merecido
O meu eterno descanso
Desse sofrimento vivido

Rio tem atenção
Ao que diz Gilberto Gil
A morte é uma construção
E o Chico Buarque Gentil
Tem outra interpretação
Sobre essa construção
Quanta madeira cortada
Precisa esse caixão
Vem da amazónia
Que não a dá com bom grado
E quanto a conta final
Nem que Deus lhe pague

8.10.09